O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou na segunda-feira (2), num encontro com militantes do movimento bolivariano, que só entregará o poder para um outro mandatário do seu mesmo bloco político. A fala ocorre no mesmo dia em que a justiça venezuelana emitiu um mandado de prisão contra o candidato que disputou a eleição presidencial contra ele, Edmundo González.
“Sou, por razão da vida, o primeiro presidente chavista da história da Venezuela. e quando entregar meu mandato, entregarei a um presidente ou a uma presidente chavista, bolivariana e revolucionária”, afirmou Nicolás Maduro.
O líder venezuelano ainda acusou a oposição, liderada por María Corina Machado, de ter raízes no fascismo e de ser submissa aos interesses dos Estados Unidos.
Na cerimônia, chamada de Encontro das Cinco Gerações, Maduro fez uma leitura histórica do processo de desenvolvimento da América Latina, onde inseriu o próprio movimento político como força de resistência contra o que chamou de “abusos e genocídio” causado pelos Estados Unidos e pelos países da Europa.
“O processo de resistência foi contínuo. Nunca deixamos de lutar. Os povos aborígenes resistiram, assim como os afrodescendentes que chegaram aqui. Se pudéssemos dizer uma diferença abismal entre o bloco histórico revolucionário, bolivariano e chavista — fundado pelo comandante Chaves — em comparação com as distintas facções da oligarquia nacional podemos dizer que eles não têm história. Eles têm dinheiro, ambição e interesses pessoais. Nós temos um legado que temos que defender com a nossa própria vida”, finalizou Maduro.
Eleição contestada
Os ataques de Maduro ocorrem em meio a denúncias da oposição e da comunidade internacional de que a eleição de julho, que consagrou um terceiro mandato ao líder bolivariano, foi fraudada. A autoridade eleitoral não apresentou dados desagregados por mesas de votação. E a oposição fez uma contagem paralela em que afirma que Edmundo González teria ganhado com mais uma maioria absoluta dos votos.
Desde então, uma onda de protestos eclodiu em Caracas e nas principais cidades do país.
As manifestações deixaram cerca de 27 mortos e mais 2.400 presos. O governo venezuelano culpou a oposição pelas mortes, enquanto os oponentes acusam o governo de realizar uma campanha de repressão.
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