O piloto Rafael Santos, em entrevista à CNN, forneceu detalhes sobre o funcionamento das caixas-pretas em acidentes aéreos, lançando luz sobre a investigação da queda de avião em Vinhedo, no interior de São Paulo, que deixou 62 mortos.
Gravação de voz e parâmetros de voo
O piloto detalhou que existem dois tipos distintos de caixas-pretas. A primeira é responsável por gravar as conversas entre os pilotos e as comunicações com o controle de tráfego aéreo, geralmente armazenando os últimos 30 minutos a duas horas de áudio. “Ela grava de forma digital”, explicou Santos.
A segunda caixa registra os parâmetros de voo, capturando uma gama de informações técnicas. “No caso do avião que eu voo – Boeing 777-, ela grava até 160 parâmetros, grava tudo o que eu faço’” afirmou Santos, acrescentando que o dispositivo registra desde a posição dos botões até os movimentos do manche e ajustes de potência.
Recriação em simulador
Santos ressaltou a importância dessas informações para a investigação: “Esses dados todos eu posso colocar no simulador de voo e repetir o que aconteceu nessa situação dos pilotos”. A capacidade de recriar as condições do voo é crucial para entender as circunstâncias que levaram ao acidente.
Quanto à questão do pedido de socorro “mayday”, o piloto ofereceu uma perspectiva importante. Em situações extremas, como um “parafuso chato” (uma condição de voo perigosa), Santos acredita ser improvável que haja tempo para emitir um pedido formal de socorro. “Em uma situação tão complicada não dá tempo de colocar a mão para você verbalizar esse “mayday”, explicou. O piloto concluiu enfatizando que, em momentos críticos, a prioridade da tripulação é resolver o problema imediato, muitas vezes sem a possibilidade de comunicar a emergência.
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