A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou seu apelo anual por financiamento para responder a emergências de saúde nesta quinta-feira (16), poucos dias antes da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos – o maior doador da agência de saúde. A eleição do republicano coloca um ponto de interrogação sobre as finanças de longo prazo da organização.
A OMS está buscando US$ 1,5 bilhão para ajudar mais de 300 milhões de pessoas que vivem em 42 zonas de emergência, de Gaza ao Afeganistão.
“Sem financiamento adequado e sustentável, enfrentamos a tarefa impossível de decidir quem receberá cuidados e quem não receberá”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lamentando uma lacuna crescente entre as necessidades e o financiamento disponível.
Os Estados Unidos têm sido historicamente um grande contribuinte tanto para o apelo de emergência da OMS quanto para seu orçamento mais amplo, fixado em US$ 6,8 bilhões para 2024-2025. Para o atual período de dois anos, os Estados Unidos forneceram cerca de 34% do financiamento disponível para emergências de saúde e, no passado, sua contribuição chegou a 50%, mostraram dados da OMS. Os americanos também contribuem com cerca de um quinto do financiamento geral da entidade.
Mas esse financiamento pode estar em risco quando Trump assumir seu segundo mandato na semana que vem. Em sua primeira passagem pela Casa Branca, ele decidiu cortar o financiamento para a OMS e retirar os EUA da agência após criticá-la por sua gestão da pandemia de COVID-19 e proximidade com a China.
Fontes próximas à equipe de transição indicaram que ele poderia tomar medidas semelhantes novamente em seu segundo mandato.
Quando perguntada pela Reuters no final do mês passado se os EUA deixariam a OMS, uma fonte familiarizada com as negociações na equipe de transição disse: “A mesma OMS que deixamos na primeira administração? Parece que não nos importaríamos muito com o que eles têm a dizer.”
Documentos divulgados online pela OMS esta semana antes de sua reunião do conselho executivo no início de fevereiro alertaram sobre os riscos de perder qualquer um de seus principais doadores.
A agência é financiada em parte por taxas obrigatórias de estados-membros, juntamente com contribuições voluntárias e uma rodada de investimentos. Apenas cinco doadores, novamente liderados pelos Estados Unidos, representam uma grande parte do seu financiamento voluntário, afirma o documento da OMS – até dois terços do orçamento de alguns programas.