Uma mulher foi presa no domingo, 5 de janeiro de 2025, suspeita de envenenar seis pessoas durante uma confraternização familiar em Torres, no litoral do Rio Grande do Sul. Três pessoas morreram após consumirem um bolo que, segundo a perícia, continha arsênio. A suspeita, Deise Moura dos Anjos, é nora de uma das vítimas fatais e teria adicionado o veneno à farinha utilizada no preparo do bolo.
Saiba quem são as vítimas de caso de bolo envenenado no Rio Grande do Sul
Antes do caso do bolo com arsênio, a “Operação Acqua Toffana”, revelou que o sogro de Deise também foi morto pela suspeita, em setembro de 2024, por meio de arsênio misturado em leite em pó. Entre as vítimas, incluindo aquelas do bolo envenenado, foi esta a segunda maior concentração de arsênio encontrada pela perícia.
De acordo com as investigações, a suspeita utilizou diversas táticas para tentar encobrir seus crimes de envenenamento por arsênio. A polícia acredita que Deise utilizou a manipulação emocional, a dissimulação e a tentativa de destruição de provas para encobrir seus crimes.
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Morte do sogro e tentativa de cremação
Após a morte do sogro, Paulo Luiz dos Anjos, em setembro de 2024, Deise tentou convencer a família de que a causa da morte foi uma intoxicação alimentar por uma banana que o marido dela, Diego dos Anjos, filho de Paulo e Zeli, havia levado para casa deles, um dia antes da morte.
Aproveitando a fragilidade emocional da família, desestruturada pela morte do patriarca, Deise também tentou manipular a opinião da família sobre a morte do sogro, alegando que o marido, Diego, estava sofrendo porque se sentia culpado, e usava isso para comover a família e evitar que o corpo fosse periciado.
Segundo a polícia, a suspeita chegou a pressionar a sogra, Zeli dos Anjos, para não investigar a morte do marido, dizendo em mensagens que “não devemos procurar culpados para o que não tem”. Essa manipulação visava evitar que a verdadeira causa da morte, envenenamento por arsênio no leite em pó, fosse descoberta.
Além disso, a suspeita tentou cremar o corpo do sogro, o que teria dificultado a detecção do arsênio pela perícia. A cremação só não ocorreu porque faltou a assinatura de um médico para liberar o procedimento.
Declarações para familiares e pré-bolo envenenado
A Polícia Civil gaúcha divulgou trechos de mensagens trocadas por Deise e familiares, entre o episódio de envenenamento de Paulo Luiz e o bolo envenenado com arsênio.
Em uma das mensagens que mais chamaram a atenção da polícia, ela escreveu a um familiar: “Quando eu morrer, cuida do meu filho e reza por mim, pois é provável que eu não vá para o paraíso”.
Três dias após a morte do sogro, Deise sugeriu várias causas para o incidente. Em uma mensagem, ela escreveu “acho que não faria nada [para investigar a morte], pois pode ter sido várias coisas, intoxicação alimentar, negligência médica, a banana por estar contaminada pela enchente, ou a hora dele mesmo, sei lá”, disse Deise em mensagem para sogra, Zeli dos Anjos.
Os investigadores também apontaram que as mensagens trocadas entre Deise e Zeli apresentavam um tom contraditório em relação ao histórico de conflitos entre as duas. Além de demonstrar saudades, Deise sugeria encontros, algo que, segundo pessoas próximas, não era habitual. Essa mudança repentina de comportamento levantou suspeitas sobre suas reais intenções, especialmente considerando os eventos que se desenrolaram posteriormente.
Saiba quais intrigas familiares levaram acusada a cometer crimes
Manipulação, criação de álibi e investigações
O delegado responsável pelo caso do bolo envenenado, Marcos Veloso citou que a frieza e a capacidade de manipulação de Deise impressionaram os investigadores, que a descreveram como uma pessoa “com a resposta sempre pronta” e que se apresentava “tranquila” durante os interrogatórios.
A polícia chegou a questionar Deise se encontraria algo em seus dispositivos, quando ela alertou a polícia sobre suas pesquisas sobre veneno, buscando criar um álibi para as provas que a polícia coletava.
As provas técnicas encontradas no celular da acusada revelaram que ela praticava homicídios em série e tentou apagar evidências que a incriminassem.
A investigação descobriu que Deise realizou pesquisas na internet sobre arsênio e substâncias similares antes dos crimes, inclusive em plataformas de compras. Compras de arsênio foram entregues em seu nome pelos correios.
A conclusão do envenenamento foi consumada após análise pericial de 89 amostras, incluindo amostras da farinha encontrada na casa da família. Altas quantidades de arsênio foram encontradas no sangue, urina e conteúdo estomacal das vítimas.
Deise Moura dos Anjos está presa temporariamente no Presídio Estadual Feminino de Torres, acusada de triplo homicídio qualificado e tripla tentativa de homicídio qualificada.
A CNN buscou a defesa de Deise para um posicionamento sobre o caso, mas não obteve retorno até o momento.
Linha do tempo mostra quem é quem na tragédia familiar rodeada de intrigas
Uma confraternização familiar na véspera de Natal de 2024 foi marcada por um crime, onde um bolo envenenado causou a morte de três pessoas e deixou duas hospitalizadas.
Saiba quem é quem na história de envenenamento em família, no Rio Grande do Sul
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Deise Moura dos Anjos é a principal suspeita dos envenenamentos. Nora de Zeli, ela é acusada de ter envenenado o bolo que matou três pessoas e deixou outras duas internadas • Redes Sociais
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Zeli dos Anjos é a sogra de Deise e a responsável por preparar o bolo envenenado. Ela ficou internada em estado estável na UTI do Hospital Senhora dos Navegantes e recebeu alta em 10 de janeiro. Zeli também foi vítima de uma tentativa de envenenamento por Deise, assim como duas de suas irmãs. A polícia acredita que ela era o principal alvo • Redes Sociais
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Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, era irmã de Zeli. Ela foi uma das vítimas fatais da tragédia familiar. Para os investigadores, ela também tinha desentendimentos com Deise, em decorrência da antipatia da suspeita com a sua filha, Tatiana Denize • Redes Sociais
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Tatiana Denize aparece como um dos exemplos que mais simbolizam a banalidade das motivações da suspeita. Denize decidiu se casar em uma igreja, cujo desejo de realizar a cerimônia matrimonial era de Deise. O fato da prima escolher o mesmo local, e realiza-lo antes dela, nunca teria sido aceito • Redes Sociais
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Matheus, de 10 anos, foi uma das vítimas da intoxicação do bolo com arsênio. Filho de uma das vítimas, a criança sobreviveu e foi a primeira pessoa liberada do Hospital de Navegantes. A polícia acredita que ele não era um dos alvos de Deise, mas acabou envenenado por consumir o bolo • Redes Sociais
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Maida Berenice Flores da Silva, 59 anos, era irmã de Zeli e consumiu o bolo no café da tarde que intoxicou a família. Por enquanto, não há informações sobre quais seriam os desentendimentos dela com Deise • Redes Sociais
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Paulo Luiz dos Anjos era sogro de Deise, e morreu em setembro de 2024 por uma suposta infecção intestinal. A polícia exumou seu corpo e encontrou arsênio, confirmando que ele também foi envenenado, possivelmente por meio de leite em pó entregue por Deise • Redes Sociais
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Diego Silva dos Anjos é filho de Zeli dos Anjos e Paulo Luiz, que morreu em setembro de 2024. Ele é casado com Deise há mais de 20 anos. A Polícia Civil, em coletiva, descartou, por ora, a possibilidade do envolvimento deles nos envenenamentos.
Para entender a complexidade deste caso, que envolve mortes suspeitas, relacionamentos familiares conturbados e a possibilidade de outros envenenamentos, a CNN mostra uma linha do tempo detalhada dos eventos e seus principais personagens.