Líderes internacionais reagiram à notícia que a opositora venezuelana María Corina Machado foi presa nesta quinta-feira (9) na saída de uma manifestação em Caracas.
A oposição da Venezuela denunciou que a líder “foi violentamente interceptada à sua saída da concentração em Chacao”.
A ex-deputada venezuelana, que estava escondida há meses, saiu às ruas pela primeira vez nesta quinta-feira.
- Argentina
Em um comunicado oficial divulgado nesta quinta-feira, a Argentina expressou “extrema preocupação com o ataque criminoso do regime chavista contra a líder democrática María Corina Machado na Venezuela, quando ela participava de um protesto legítimo em Chacao”.
Na nota, ainda se afirma que o presidente argentino Javier Milei pediu aos demais governos da região “que repudiem o atentado contra Corina Machado” e exijam o fim do regime de Maduro.
O gabinete afirmou que a equipe de Machado perdeu a comunicação com ela e que “agentes do regime de Maduro dispararam contra a sua escolta e alegadamente sequestraram-no violentamente perante milhares de pessoas”.
A Argentina reconhece a vitória do opositor Edmundo González nas contestadas eleições presidenciais realizadas ano passado.
- Panamá
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, disse em uma postagem no X que exige a libertação da opositora.
“O Panamá exige e reivindica liberdade total de Maria Corina bem como o respeito pela sua integridade pessoal. O regime ditatorial é responsável pela sua vida!”, o líder afirmou.
Panamá reclama y exige la plena libertad de @MariaCorinaYA así como el respeto a su integridad personal. El régimen dictatorial es el responsable de su vida!
— José Raúl Mulino (@JoseRaulMulino) January 9, 2025
- Ex-Presidência da Colômbia
Álvaro Uribe, ex-presidente da Colômbia, também reagiu nas redes sociais questionando sobre ações das organizações internacionais em relação à prisão da opositora. “As Nações Unidas conseguirão agir para resgatar María Corina Machado?”
¿Naciones Unidas será capaz de producir acciones para rescatar a María Corina Machado?
— Álvaro Uribe Vélez (@AlvaroUribeVel) January 9, 2025
Em atualização.
Edmundo González exige libertação de Machado
Pelas redes sociais, Edmundo González, que disputou a Presidência com Nicolás Maduro e a oposição diz ser o verdadeiro eleito, exigiu a libertação imediata de María Corina Machado.
“Às forças de segurança que a sequestraram eu digo: não brinquem com fogo”, comentou.
Protestos em Caracas
Grupos de manifestantes se reuniram em Caracas, capital da Venezuela, nesta quinta-feira (9), véspera da posse de Nicolás Maduro.
Em várias partes da cidade multidões de apoiadores da oposição pediram “liberdade”. Os apoiadores também foram vistos segurando cartazes de “González Presidente” e usando vuvuzelas.
Enquanto isso, no maior bairro da Venezuela, Petare, os apoiadores de Maduro também se reuniram no que eles chamam de “marcha pela paz e alegria”.
Entenda a crise na Venezuela
A oposição venezuelana e a maioria da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho, anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que dão vitória a Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos.
Os resultados do CNE nunca foram corroborados com a divulgação das atas eleitorais que detalham a quantidade de votos por mesa de votação.
A oposição, por sua vez, publicou as atas que diz ter recebido dos seus fiscais partidários e que dariam a vitória por quase 70% dos votos para o ex-diplomata Edmundo González, aliado de María Corina Machado, líder opositora que foi impedida de se candidatar.
O chavismo afirma que 80% dos documentos divulgados pela oposição são falsificados. Os aliados de Maduro, no entanto, não mostram nenhuma ata eleitoral.
O Ministério Público da Venezuela, por sua vez, iniciou uma investigação contra González pela publicação das atas, alegando usurpação de funções do poder eleitoral.
O opositor foi intimado três vezes a prestar depoimento sobre a publicação das atas e acabou se asilando na Espanha no início de setembro, após ter um mandado de prisão emitido contra ele.
Diversos opositores foram presos desde o início do processo eleitoral na Venezuela. Somente depois do pleito de 28 de julho, pelo menos 2.400 pessoas foram presas e 24 morreram, segundo organizações de Direitos Humanos.