A Polícia Civil do Rio Janeiro informou no final da tarde desta quarta-feira (8) que um suspeito morreu durante operação contra o roubo de cargas no Complexo de Manguinhos, na zona norte da capital. Ele foi apontado como um dos gerentes do tráfico de drogas na comunidade do Mandela.
Mais cedo, a corporação havia divulgado quatro mortes mas, segundo o balanço atualizado, um suspeito não resistiu e três ficaram feridos. Um deles foi socorrido para um hospital da região e os outros dois foram baleados próximo ao rio que corta a localidade. Eles submergiram e ainda não foram localizados. Mergulhadores auxiliam a Polícia Civil no resgate.
A operação no Complexo de Manguinhos, área controlada pelo Comando Vermelho que é a maior facção criminosa do Estado, provocou momentos de tensão na Fiocruz, situada na região.
De acordo com a polícia, depois de receberem informações de que bandidos acessaram o campus para se esconder, agentes entraram na Fundação Oswaldo Cruz e foram atacados a tiros. Houve pânico entre alunos, trabalhadores e frequentadores do local.
Um tiro atingiu o vidro da sala de automação de Bio-Manguinhos, onde funciona a fábrica de vacinas, e uma funcionária acabou ferida por estilhaços. Ela precisou de atendimento médico.
Fiocruz nega participação de funcionários
Dois funcionários terceirizados da Fiocruz foram encaminhados à delegacia para prestar depoimento. Segundo a polícia, eles estariam colaborando com o tráfico de drogas, uma vez que imagens mostram um veículo a serviço da instituição auxiliando na fuga de criminosos.
Por meio de nota, a Fiocruz negou a informação. Destacou que um dos funcionários é supervisor da empresa que presta serviços para a Gestão de Vigilância e Segurança Patrimonial e fazia o trabalho de desocupação e interdição da área como medida de segurança.
Na nota, a Fiocruz ainda fez críticas a ação deflagrada pela polícia como mostra um dos trechos:
“Toda a ação da Polícia Civil ocorreu de forma arbitrária, sem autorização ou comunicação com a instituição, colocando trabalhadores e alunos da Fiocruz em risco. Até o início da tarde, a operação da Polícia Civil continuava dentro da Fiocruz, com a orla do rio Faria-Timbó interditada”.
O secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, rebateu:
“Causa muita estranheza acusações maldosas contra os policiais, dado o histórico de ocorrências com traficantes que buscam abrigo em prédios públicos, incluindo escolas e unidades de saúde, bem como a própria Fiocruz, onde isso já havia ocorrido em situações anteriores”.
Operação Torniquete
A polícia civil destacou que em agosto de 2011, cinco criminosos de alta periculosidade que usavam a Fiocruz como rota de fuga foram capturados nas instalações. Todos eles eram lideranças da facção e estavam foragidos da Justiça.
A ação desta quarta-feira (8) fez parte da segunda fase da “Operação Torniquete”, que tem como objetivo reprimir roubos, furtos e receptação de cargas e de veículos, delitos que financiam as atividades das facções criminosas, disputas territoriais e ainda garantem pagamentos a familiares de faccionados, estejam eles detidos ou em liberdade. Desde setembro, já são mais de 290 presos, além de veículos e cargas recuperados.