O Chile anunciou nesta terça-feira (7) o “fim da missão” do embaixador do país na Venezuela, a poucos dias da posse de Nicolás Maduro para um novo mandato como presidente, marcada para o dia 10 de janeiro.
A equipe diplomática chilena havia sido expulsa da Venezuela no segundo semestre de 2024, após a nação não reconhecer a suposta vitória de Maduro nas eleições presidenciais de julho.
O Ministério das Relações Exteriores do Chile argumentou que a falta de abertura do governo Maduro agravou a crise na região e “impediu o desenvolvimento de um diálogo bilateral eficaz”.
A chancelaria acusou ainda o chavista de fraude eleitoral no pleito presidencial de 2024. Após a votação, o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano anunciou que o chavista foi o vencedor, mas, até agora, não divulgou dados detalhados.
A oposição também alega que houve irregularidades, destacando que teve acesso a atas eleitorais que comprovaram que Edmundo González, candidato na eleição, foi o verdadeiro vencedor.
A crise fez com que a Venezuela expulsasse equipes diplomáticas de outros países de seu território e cortasse relações diplomáticas com nações — por exemplo, o Paraguai, na segunda-feira (6).
“Finalmente, o Chile espera que a Venezuela possa regressar ao caminho da democracia e da promoção e proteção dos direitos humanos, valores que atualmente estão ausentes naquele país irmão”, conclui a nota.
Entenda a crise na Venezuela
A oposição venezuelana e a maioria da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho, anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que dão vitória a Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos.
Os resultados do CNE nunca foram corroborados com a divulgação das atas eleitorais que detalham a quantidade de votos por mesa de votação.
A oposição, por sua vez, publicou as atas que diz ter recebido dos seus fiscais partidários e que dariam a vitória por quase 70% dos votos para o ex-diplomata Edmundo González, aliado de María Corina Machado, líder opositora que foi impedida de se candidatar.
O chavismo afirma que 80% dos documentos divulgados pela oposição são falsificados. Os aliados de Maduro, no entanto, não mostram nenhuma ata eleitoral.
O Ministério Público da Venezuela, por sua vez, iniciou uma investigação contra González pela publicação das atas, alegando usurpação de funções do poder eleitoral.
O opositor foi intimado três vezes a prestar depoimento sobre a publicação das atas e acabou se asilando na Espanha no início de setembro, após ter um mandado de prisão emitido contra ele.
Diversos opositores foram presos desde o início do processo eleitoral na Venezuela. Somente depois do pleito de 28 de julho, pelo menos 2.400 pessoas foram presas e 24 morreram, segundo organizações de Direitos Humanos.