A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu, nesta quinta-feira (26), as investigações sobre a morte do idoso Nilton Carlos Araújo, de 69 anos, em agosto deste ano, vítima de um erro médico em um hospital de referência em Belo Horizonte, capital mineira.
Segundo a polícia, um enfermeiro e uma médica foram indiciados por homicídio com dolo eventual, ou seja, quando a pessoa assume o risco por suas ações.
O idoso fazia tratamento contra câncer na rede MedSênior e recebeu uma superdosagem do quimioterápico.
As investigações apontam que a vítima iniciou o tratamento em março deste ano. No entanto, no dia 19 de agosto, o enfermeiro aplicou no paciente uma dose superior à prescrita.
Em uma das sessões semanais, Nilton recebeu as quatro doses do mês ao mesmo tempo. As quatro injeções totalizavam 8,78 mg do remédio, enquanto a prescrição médica indicava apenas 2,29 mg.
A polícia destaca que o profissional ignorou as identificações individuais das seringas, que estavam destinadas a outros pacientes. Dessa maneira, apesar de o enfermeiro ter comunicado o erro à enfermeira-chefe, ele não chegou a registrar a dosagem no prontuário médico, o que impediu a adoção de medidas adequadas para corrigir o erro por parte dos médicos que estavam de plantão.
Procurada, a MedSênior informou que afastou definitivamente os funcionários envolvidos na investigação. “A empresa confia no Poder Judiciário e está à disposição para colaborar com as autoridades”, disse a empresa, em nota.
À CNN, a filha de Nilton, Carolina Araújo, afirmou acompanhar a rotina do tratamento da vítima.
Toda segunda-feira, às 11h, Nilton Carlos Araújo ia até uma unidade da rede MedSênior, no bairro Gutierrez, para tomar uma dose de Bortezomibe e uma de Zometa, medicamentos destinados para o tratamento de câncer ósseo em metástase.
Segundo ela, no dia do ocorrido, o funcionário do hospital que aplicaria o tratamento estava com quatro ampolas de um dos medicamentos na bandeja, sendo que o normal era apenas uma dose por sessão.
Carolina disse que chegou a questionar a quantidade, mas o funcionário apenas respondeu que naquele dia seriam quatro agulhadas e aplicou na mesma hora.
Por volta das 16h, o idoso começou a passar mal, apresentando enjôo, vômitos e muita dor de cabeça. Carolina contou durante a conversa que esses sintomas são comuns em pacientes quimioterápicos, por isso ninguém imaginou que teria algo errado.
Dois dias depois, Nilton foi internado e transferido para uma unidade mais paramentada, uma vez que o hospital onde ele estava, não possuía UTI.
“Eles me disseram que o plano dele era mais básico e não cobria o Life Center [outro hospital da rede MedSênior]. Aí na hora falei “olha, eu não quero saber qual é o plano dele, porque nesse momento era para ele estar lá em casa comigo vendo televisão e não aqui dentro do hospital. Foi um erro de vocês”. Nesse momento a coordenadora já tinha assumido que o erro realmente tinha sido deles.”
À época do episódio, a MedSênior disse em nota que lamentava “profundamente o ocorrido” e que conduzia uma investigação detalhada sobre o caso do paciente, com o objetivo de compreender todas as circunstâncias envolvidas e apurar fatos e responsabilidades”.
*Sob supervisão