Na decisão que autorizou a prisão preventiva do general Walter Braga Netto, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, afirma que o general tentou obter detalhes da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e indica que houve obstrução de Justiça.
A investigação da Polícia Federal aponta que houve contatos de Braga Netto com o pai de Mauro Cid, o general Mauro César Lourena Cid, com o objetivo de obter dados sigilosos, controlar o que seria repassado à investigação e manter informados os envolvidos na ação. As informações foram prestadas na última audiência de Mauro Cid à PF, no dia 21 de novembro. A investigação ainda encontrou papéis na mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino, assessor de Braga Netto, que orientariam perguntas e respostas sobre a delação de Mauro Cid.
Na audiência, Mauro Cid também revelou que Braga Netto repassou dinheiro em uma sacola de vinho para financiamento das despesas de ações para o golpe de estado. Segundo ele, o dinheiro foi repassado diretamente ao então Major Rafael de Oliveira. A PF também descobriu a compra de celular e carregamentos de chip, com pagamentos em espécie em estabelecimento de Brasília.
A decisão que autorizou a prisão de Braga Netto foi assinada no dia 10 de dezembro por Moraes e recebeu o aval do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Segundo o procurador, a prisão preventiva seria uma medida capaz de garantir a ordem pública, para evitar a “continuidade do esquema criminoso deflagrado”. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Braga Netto.
*Com informações da Agência Brasil.