“Hoje começa uma nova era na Argentina. Hoje damos por terminada uma longa história de decadência e declive e damos início a uma nova história de nosso país.”
Estas foram as primeiras palavras de Milei como presidente da República Argentina, em dezembro de 2023. O libertário venceu o ex-ministro da Fazenda Sergio Massa, em uma derrota histórica do peronismo.
Milei assumiu a Casa Rosada com a difícil tarefa de domar uma inflação que chegava a 210% ao ano e mais de 25% mensais. Ele prometia uma “terapia de choque” na economia do país.
O governo promoveu contração real do gasto, com cortes em benefícios previdenciários, subsídios, transferências para as províncias e no investimento público. Isso resultou em dez superávits mensais consecutivos nas contas do governo argentino.
Milei mantém uma popularidade acima dos 40%, segundo o Instituto Zuban Córdoba. A queda na inflação e a sua imagem antissistema sustentam a popularidade.
Mesmo com uma base pequena de parlamentares, Milei conseguiu aprovar projetos importantes no Congresso, como a Lei de Bases e um pacote fiscal profundo na economia do país.
No entanto, esses avanços vieram com um custo.
As dificuldades de Milei
Mais da metade da população argentina se encontra abaixo da linha da pobreza, com rendimento domiciliar individual menor que 665 reais por mês. Além disso, 18% das pessoas estão na indigência.
O desemprego também cresceu. O índice ultrapassou os 7% ao longo dos dois primeiros trimestres de 2024 e atinge mais de um milhão de argentinos.
O país vai fechar o ano em recessão, com sua economia encolhendo cerca de 3%, resultado principalmente da queda no consumo das famílias. A expectativa do governo, no entanto, é que a atividade volte a ter resultados positivos a partir de 2025, conforme o câmbio e o déficit público se ajustam.
A relação com o Brasil
Neste primeiro ano, a relação bilateral de Milei com o Brasil foi conflituosa. O argentino foi contrário à taxação dos super-ricos na cúpula do G-20, se opôs à assinatura de uma declaração ministerial sobre igualdade de gênero e retirou o país das negociações da COP-29.
Apesar disso, os países conseguiram firmar um entendimento sobre exportação de gás e concluíram as negociações sobre o acordo Mercosul-União Europeia.
* com informações de João Nakamura e Luciana Taddeo, da CNN.