Brian Thompson, CEO da UnitedHealthcare que foi baleado e morto em Midtown Manhattan nesta quarta-feira (4), era um líder veterano no mundo corporativo americano, um aluno modelo e atleta destacado no ensino médio – e estava envolvido em um processo judicial sobre uso de informação privilegiada neste ano.
A polícia de Nova York chamou a morte do CEO de “ataque direcionado e descarado”.
Thompson, de 50 anos, morava em Minnesota e estava visitando Nova York para a conferência anual de investidores da UnitedHealthcare antes de ser morto.
Ele foi nomeado CEO da UnitedHealthcare em 2021 e estava na empresa desde 2004. Ela faz parte do UnitedHealth Group, a maior seguradora dos Estados Unidos.
Antes de ser nomeado CEO da companhia, Thompson trabalhou como CEO da divisão de programas governamentais da empresa, que inclui os negócios sobre Medicare — um programa do governo dos EUA — e aposentadoria.
Antes de ingressar na UnitedHealthcare em 2004, trabalhou como gerente e atuou como contador público certificado na PwC por quase 7 anos.
Ele se formou na Universidade de Iowa em 1997 com bacharelado em administração de empresas com especialização em contabilidade. Ele foi o orador da turma, segundo seu LinkedIn. Foi bolsista universitário, bolsista Carver, bolsista do estado de Iowa e bolsista do corpo docente.
Thompson se formou na South Hamilton High School em Jewell, no estado de Iowa, em 1993. Ele foi orador da turma, disse Heather Holm, superintendente do Distrito Escolar Comunitário South Hamilton, à CNN.
“Durante seu período em South Hamilton, Brian foi um aluno exemplar, atleta, rei do baile e um líder respeitado. Suas conquistas e caráter deixaram um legado significativo em nossas escolas e comunidade”, pontuou Holm em comunicado.
“Nos unimos a todos que estão de luto ao lembrar da vida e do legado de Brian”, adicionou.
Thompson é lembrado como um líder e amigo querido, segundo o UnitedHealth Group. “Brian era um colega altamente respeitado e amigo de todos que trabalharam com ele”, afirmou a empresa em um comunicado.
Alegações de fraude
Brian Thompson foi processado em maio por suposta fraude e uso ilegal de informação privilegiada.
O Fundo de Pensão dos Bombeiros de Hollywood entrou com uma ação contra o UnitedHealth Group, o CEO Andrew Witty, o presidente-executivo Stephen Hemsley e Thompson.
O grupo alegou que os executivos planejaram inflar as ações da empresa ao não divulgar uma investigação antitruste do Departamento de Justiça dos EUA contra a companhia.
O UnitedHealth Group anunciou em 2021 que compraria a Change Healthcare. O Departamento de Justiça entrou com um processo para desfazer o acordo, mas um juiz acabou permitindo sua conclusão.
No entanto, o Wall Street Journal reportou em fevereiro de 2024 que o Departamento de Justiça reabriu o caso, mesmo após a fusão, para investigar se as empresas estabeleceram adequadamente um chamado “firewall” para impedir que informações de clientes fluíssem entre as divisões da empresa fundida.
O processo alegou que Thompson sabia da investigação desde outubro de 2023 e vendeu 31% de suas ações da empresa, obtendo um lucro de US$ 15 milhões, 11 dias antes do Journal publicar a investigação.
A reportagem fez as ações da UnitedHealth caírem 5%.
A revelação do suposto uso ilegal de informações privilegiadas levou os senadores democratas Elizabeth Warren e Ed Markey a escreverem uma carta à Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio em 29 de abril, pedindo ao presidente Gary Gensler que investigasse a UnitedHealth pelas vendas de ações dos executivos.
Os senadores destacaram que Thompson enfrentaria até US$ 5 milhões em multas e 20 anos de prisão se fosse condenado. “Os relatórios sobre essas negociações revelam um padrão perturbador. “O momento dessas negociações… levanta numerosas questões”, escreveram os congressistas.
O processo, que continua ativo, buscava um julgamento e pagamento de danos pela UnitedHealth e dos executivos nomeados na ação, incluindo Thompson.
O Distrito Sul de Nova York se recusou a comentar o caso. A UnitedHealthcare não respondeu a um pedido de comentário sobre o processo.
*Kara Scannell, da CNN, contribuiu para esta reportagem