O chefe do Hezbollah, Naim Qassem, disse nesta sexta-feira (29) que o grupo conseguiu uma “vitória divina” contra Israel, ainda maior do que a declarada após a guerra de 2006.
“Para aqueles que estavam apostando que o Hezbollah seria enfraquecido, lamentamos, suas apostas falharam”, destacou.
Esse foi o primeiro discurso de Qassem desde que o cessar-fogo entrou em vigor, na quarta-feira (27), após mais de um ano de hostilidades entre o grupo e Israel, que destruíram áreas do Líbano e mataram 4 mil pessoas, incluindo centenas de mulheres e crianças.
O líder prometeu coordenar estreitamente com o Exército do Líbano para implementar o cessar-fogo, que ele disse que o Hezbollah concordou “de cabeça erguida”.
Qassem afirmou que o Hezbollah “aprovou o acordo com a resistência forte no campo de batalha e nossas cabeças erguidas com nosso direito de nos defendermos”.
A suspensão de hostilidades estipula que o grupo armado se retire das áreas ao sul do rio Litani, que corre cerca de 30 km ao norte da fronteira com Israel, e que o Exército libanês enviará tropas para a região enquanto os soldados israelenses se retiram.
“Haverá coordenação de alto nível entre a Resistência (Hezbollah) e o Exército libanês para implementar os compromissos do acordo”, destacou.
Tensão no sul do Líbano
O Exército libanês já enviou tropas para o sul, mas está preparando um plano de implantação detalhado para compartilhar com o gabinete do Líbano, disseram fontes de segurança e autoridades.
Entretanto, isso está sendo dificultado pela presença contínua de tropas israelenses. O acordo concede a eles 60 dias completos para concluir sua retirada.
O Exército de Israel emitiu restrições sobre retorno a vilas ao longo da fronteira com o Líbano e atirou em pessoas nessas áreas nos últimos dias, alegado que essa movimentação seria uma violação da trégua.
Tanto o Líbano quanto o Hezbollah acusaram Israel de violar o cessar-fogo nessas instâncias e de lançar um ataque aéreo sobre o Rio Litani na quinta-feira.
Entenda os conflitos no Oriente Médio
No final de novembro, foi aprovado um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah. Isso acontece após meses de bombardeios do Exército israelense no Líbano.
A ofensiva causou destruição e obrigou mais de um milhão de pessoas a saírem de casa para fugir da guerra. Além disso, deixou dezenas de mortos no território libanês.
Assim como o Hamas, o Hezbollah e a Jihad Islâmica são grupos radicais financiados pelo Irã, e, portanto, inimigos de Israel.
A expectativa é que o acordo sirva de base para uma cessação das hostilidades mais duradoura.
Ao mesmo tempo, a guerra continua na Faixa de Gaza, onde militares israelenses combatem o Hamas e procuram por reféns que foram sequestrados há mais de um ano durante o ataque do grupo radical no território israelense no dia 7 de outubro de 2023. Na ocasião, mais de 1.200 pessoas foram mortas e 250 sequestradas.
Desde então, mais de 43 mil palestinos morreram em Gaza durante a ofensiva de Israel, que também destruiu praticamente todos os prédios no território palestino.
Em uma terceira frente de conflito, Israel e Irã trocaram ataques, que apesar de terem elevado a tensão, não evoluíram para uma guerra total.
Além disso, o Exército de Israel tem feito bombardeios em alvos de milícias aliadas ao Irã na Síria, no Iêmen e no Iraque.
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