Cuba anunciou na quarta-feira (16) que não conseguirá satisfazer a procura diária de eletricidade, tendência que se agravou desde finais de setembro, segundo informações analisadas pela CNN com base em relatórios do Ministério de Energia e Minas publicados na sua conta no Facebook.
As autoridades cubanas estimam que, até esta quarta-feira, a ilha só conseguirá produzir 42,75% da eletricidade de que necessita nos horários de pico. Ou seja, vai gerar 2.005 megawatts, enquanto espera uma demanda de 3.380 quando mais gente precisar.
Este défice de quase 60% na produção diária de eletricidade em Cuba tem sido constante desde pelo menos 27 de setembro, segundo relatórios oficiais.
Este não é um problema novo. A infraestrutura limitada de Cuba não recebe a manutenção necessária há anos e os apagões recorrentes remontam à década de 1990. A situação agravou-se ainda mais em 2022 com o incêndio na instalação de combustível em Matanzas, a principal estrutura de armazenamento de combustíveis do país.
O ministro de Energia e Minas, Vicente de la O Levy, alerta desde março que as condições das termelétricas representam desafios para o país, segundo declarações na televisão estatal.
Na verdade, sete das oito centrais termelétricas que fornecem energia a Cuba estão danificadas ou em manutenção, segundo um comunicado divulgado na quarta-feira pela União Elétrica Cubana e pelo Ministério de Energia e Minas da ilha.
Além disso, a Unión Eléctrica de Cuba informou que 37 centrais de geração de energia estão fora de serviço por falta de combustível. Estas fábricas estão localizadas nas áreas de Mariel, Mariel e Santiago de Cuba.
A CNN solicitou comentários ao Sindicato Elétrico Cubano, bem como ao governo cubano, para saber o número de pessoas afetadas pela falta de fornecimento de eletricidade e que medidas estão a tomar para melhorar a situação, e aguarda uma resposta.
Na segunda-feira (14), as autoridades cubanas comunicaram a instalação de painéis de energia solar, com os quais pretendem aumentar a capacidade de geração de energia na ilha, mas o primeiro dos projetos anunciados (que produziria cerca de 1.000 watts) estaria disponível dentro de dois anos.
Falta de energia, o cenário diário em Cuba
Os cortes de energia afetam gravemente o dia a dia dos cubanos, que enfrentam menos transporte público, falhas em semáforos, caixas eletrônicos, bombas de gasolina, pagamento eletrônico em lojas, fogões elétricos e bombas d’água, por exemplo.
No edifício Girón, em Havana, os apagões frequentes pioraram a qualidade de vida de alguns idosos, como relata um depoimento recolhido pela agência EFE, que descreve como moradores de 80 anos com mobilidade reduzida devem subir vários andares sem ter acesso a elevador na propriedade.
A falta de eletricidade em Cuba, somada a outros problemas de escassez, alimentou o descontentamento na ilha e contribuiu para manifestações de massa ao longo dos anos, como os protestos históricos de 11 de julho de 2021 e outros registados em 2022 e 2024.