O Kremlin disse que o exercício nuclear anual da Otan, a aliança militar ocidental, envolvendo aeronaves militares com capacidade nuclear, que começou nesta segunda-feira (14), alimenta tensões à luz da “guerra quente” na Ucrânia.
A Otan programou o início do seu exercício nuclear anual “Steadfast Noon” para esta segunda-feira, afirmou o secretário-geral da aliança, Mark Rutte, na quinta-feira (19), algo que ele classificou como uma poderosa demonstração de capacidades de dissuasão em um cenário de retórica nuclear intensificada do presidente russo, Vladimir Putin.
Os caças F-35A e os bombardeiros B-52 estarão entre as cerca de 60 aeronaves de 13 países que participarão do exercício, sediado pela Bélgica e Holanda, informaram autoridades da Otan.
“Nas condições de uma guerra quente, que está acontecendo dentro da estrutura do conflito ucraniano, tais exercícios não levam a nada além de uma maior escalada de tensão”, advertiu o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres.
Peskov pontuou que também é impossível manter negociações sobre armas nucleares com os EUA, algo que o governo americano sinalizou estar aberto, porque as potências nucleares ocidentais estavam envolvidas no conflito contra a Rússia.
Assim, quaisquer negociações sobre segurança precisariam, portanto, ter um escopo muito mais amplo.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que o país está pronto para negocias com Rússia, China e Coreia do Norte sem pré-condições para reduzir a ameaça nuclear.
O comentário de Biden aconteceu após a concessão do Prêmio Nobel da Paz à Nihon Hidankyo, um movimento dos sobreviventes japoneses das bombas atômicas dos EUA lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki no final da Segunda Guerra Mundial, na sexta-feira (11).
“No contexto da guerra que está sendo travada contra a Rússia com o envolvimento indireto e até direto de potências nucleares como os Estados Unidos, Reino Unido e França, é absolutamente impossível falar sobre isso sem vincular a questão a todos os outros aspectos da segurança”, ponderou Peskov.
“Na verdade, nosso presidente já falou sobre isso. A Rússia considera tais contatos necessários e eles não podem ser adiados, mas devemos considerar todas as questões de segurança como um todo, levando em conta o estado atual das coisas”, adicionou.
Peskov rejeitou uma declaração de Bruno Kahl, chefe do serviço de inteligência estrangeira da Alemanha, que disse mais cedo nesta segunda-feira que as forças russas estariam em posição de atacar o território da Otan até o final desta década, no máximo.
“A Rússia nunca se moveu com sua infraestrutura militar em direção à Otan, sempre foi o contrário”, observou Peskov.
“Dizer, portanto, que são as forças armadas russas que representam um perigo para alguém é absolutamente errado, ilógico e, mais importante, contradiz todo o curso da história, que levou ao confronto que agora estamos todos vivenciando juntos”, concluiu.
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