Nenhum alimento entrou no norte de Gaza desde o início de outubro, colocando 1 milhão de pessoas em risco de passar fome, informou o Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas à CNN Internacional na sexta-feira (11).
Em agosto, aproximadamente 700 caminhões de ajuda entraram no norte de Gaza. Em setembro, apenas 400 caminhões de ajuda entraram, depois que as operações comerciais cessaram na Passagem de Allenby na fronteira entre a Cisjordânia ocupada e a Jordânia, acrescentou o PMA.
Já em outubro, nenhum caminhão de comida entrou no norte de Gaza, disse o PMA à CNN.
Na quarta-feira (9), o PMA disse em um relatório que a ajuda que entra na Faixa despencou para seu nível mais baixo em meses, forçando a organização a interromper a distribuição de cestas básicas em outubro.
“A fome continua desenfreada e a ameaça de fome persiste”, acrescentou o PMA. “Se o fluxo de assistência não for retomado, um milhão de pessoas vulneráveis serão privadas dessa linha de vida.”
Enquanto isso, duas das principais padarias do centro de Gaza ficaram fechadas por três dias, de acordo com imagens da CNN e funcionários da padaria. A padaria Al-Banna e a padaria Zadna em Deir al-Balah, ambas apoiadas pelo PMA, interromperam as operações devido à falta de farinha e combustível.
“Sou chefe de uma família de seis. No dia em que trabalho, consigo alimentar minha família. No dia em que não trabalho, não comemos”, disse Ahmad Abed, funcionário da Al-Banna. “As pessoas estão atrás de farinha, e vamos às padarias em busca de onde há pão disponível.”
Amjad Al-Shawa, diretor da Rede de Organizações Não Governamentais Palestinas, disse à CNN que o esgotamento da farinha e de outros materiais de produção levou ao fechamento de padarias essenciais que produzem pão como parte da ajuda humanitária.
“A maioria do nosso povo passou a depender dessa ajuda. Agora, eles correm risco de passar fome e inanição”, acrescentou Al-Shawa.
O pão continua sendo o alimento básico número um dos palestinos e se tornou uma necessidade básica crucial desde que a guerra começou, há pouco mais de um ano.
No início desta semana, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) disse que “setembro registrou o menor volume de suprimentos comerciais e humanitários entrando em Gaza desde pelo menos março de 2024”.
Os militares israelenses lançaram uma nova operação terrestre no norte de Gaza em 6 de outubro, após ver sinais de reconstrução do Hamas.
Os militares emitiram novas ordens de evacuação para os moradores do norte de Gaza, acrescentando que expandiram o escopo da “área humanitária” em Al-Mawasi, no sul.
Mas alguns moradores disseram à CNN que estão cautelosos em tentar deixar as partes sitiadas do norte de Gaza, citando vários ataques israelenses visando militantes do Hamas em “zonas seguras” designadas por Israel. A CNN entrou em contato com o exército israelense sobre a falta de comida e ajuda que entra na Faixa.
*Com informações de Mohammad al-Sawalihi