O líder norte-coreano, Kim Jong-un, disse que seu país acelerará os passos para se tornar uma superpotência militar com armas nucleares e não descartará usá-las caso sofra um ataque inimigo, informou a agência de notícias estatal KCNA nesta terça-feira (8).
Kim mencionou o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol pelo nome pela segunda vez em uma semana ao denunciar Seul por conspirar com Washington para desestabilizar a região, para encobrir o fato de que o país nem sequer possui armas estratégicas adequadas.
“Yoon Suk Yeol fez um comentário vulgar e de mau gosto sobre o fim da República em seu discurso, e isso mostra que ele está totalmente consumido por sua fé cega na força de seu mestre”, disse Kim, citado pela KCNA, referindo-se à aliança do Sul com os EUA.
“Para ser honesto, não temos absolutamente nenhuma intenção de atacar a Coreia do Sul”, disse ele em discurso na Universidade de Defesa Nacional Kim Jong-un, um campo de treinamento para especialistas militares de elite.
“Toda vez que declarei nossa posição sobre o uso da força militar, usei clara e consistentemente a qualificação ‘se’. Se os inimigos tentarem usar a força contra nosso país, os militares da República usarão todo o poder ofensivo sem hesitação. Isso não impede o uso de armas nucleares.”
“Nossos passos para nos tornarmos uma superpotência militar e uma potência nuclear irão acelerar”, acrescentou.
A Coreia do Norte vem perseguindo há décadas um programa de armas nucleares e acredita-se que tenha materiais físseis suficientes para construir dezenas de armas. Ela conduziu seis testes subterrâneos de detonação nuclear.
Na semana passada, a Coreia do Sul comemorou o dia anual das forças armadas com um grande desfile militar exibindo um míssil balístico capaz de transportar uma ogiva enorme e apresentando um sobrevoo de um bombardeiro estratégico dos EUA.
Em seu discurso naquele dia, Yoon alertou o Norte contra o uso de armas nucleares. “Aquele dia verá o fim do regime norte-coreano.”
A Coreia do Norte pode estar construindo um novo submarino, disse o ministério da defesa sul-coreano citando indicações de inteligência em um relatório a um membro do parlamento. Em janeiro, Kim teria ordenado a construção de um submarino nuclear.
A construção estava em estágio inicial e não estava claro se o navio era um submarino com propulsão nuclear, disse o relatório.
A Coreia do Norte também está trabalhando em um drone submarino que poderia ser desenvolvido para transportar armas nucleares, possivelmente com a ajuda da Rússia, disse.
A KCNA disse que Kim fez seus comentários sobre “superpotência militar” na segunda-feira, o mesmo dia em que o Norte disse que sua Assembleia Popular Suprema se reuniria para discutir a emenda à constituição do país.
A agência de notícias não fez nenhuma menção às deliberações da assembleia desde segunda-feira.
A sessão está sendo observada de perto devido à probabilidade de aprovar uma emenda constitucional para refletir a declaração de Kim de que a unificação não é mais possível e que o Sul é um país separado e “um inimigo principal”.
Tal movimento formalizaria o rompimento de Kim com o objetivo de décadas defendido por ambos os países de unificação nacional e tentativas de melhorar os laços, incluindo uma cúpula em 2018, onde seus líderes declararam que não haverá mais guerras e uma nova era de paz foi aberta.
Em uma reportagem separada, a KCNA disse que Kim enviou uma mensagem de aniversário ao presidente russo, Vladimir Putin, chamando-o de seu “camarada mais próximo” e dizendo que “as relações estratégicas e cooperativas” entre os dois países serão elevadas a um novo patamar.
O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Yong-hyun, disse que “há uma grande possibilidade” de a Coreia do Norte enviar tropas para ajudar a Rússia na guerra com a Ucrânia.
Kim também disse em uma audiência parlamentar que relatos de notícias de oficiais militares norte-coreanos mortos em um ataque ucraniano em território ocupado pela Rússia provavelmente eram verdadeiros.
Kim Jong-un e Putin adotaram em junho uma parceria estratégica abrangente que inclui um pacto de defesa mútua.
Os dois países negaram as acusações de autoridades norte-americanas e sul-coreanas de que o Norte estava fornecendo armas à Rússia.