O ex-candidato presidencial da oposição venezuelana, Edmundo González Urrutia, publicou em suas redes sociais uma foto com Juan Delpino, um dos reitores do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, e que em agosto denunciou “falta de transparência e veracidade” nas eleições de 28 de julho do país.
“É importante lembrar que o reitor Delpino foi o único ausente no anúncio dos resultados fraudulentos na noite da eleição presidencial, que obrigaram ele a deixar o país”, compartilhou González no domingo (6).
Depois das eleições, Delpino não apareceu publicamente, não esteve presente na leitura dos resultados, nem na proclamação do presidente Nicolás Maduro, que o CNE anunciou como vencedor das eleições sem apresentar as atas detalhadas.
González também comentou que durante o encontro, o reitor “transmitiu detalhadamente a experiência do que viveu no dia 28 de julho nas instalações do órgão eleitoral” e garantiu que o relato representa o desejo majoritário dos venezuelanos por mudança.
Em uma entrevista ao The New York Times em agosto, Delpino pediu desculpa aos seus compatriotas por não ter conseguido concretizar um plano para “ter eleições aceitas por todos”.
O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, chamou Delpino de “traidor do país” e disse que “ele se tornou a esperança da oposição”.
Edmundo González destacou na sexta-feira (4), no âmbito do Fórum La Toja, espaço de debate político na Espanha, que apesar de ter deixado a Venezuela devido a “pressões indescritíveis e ameaças extremas”, sua “saída do país é apenas temporária”.
Entenda a crise na Venezuela
A oposição venezuelana e a maioria da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho, anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que dão vitória a Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos.
Os resultados do CNE nunca foram corroborados com a divulgação das atas eleitorais que detalham a quantidade de votos por mesa de votação.
A oposição, por sua vez, publicou as atas que diz ter recebido dos seus fiscais partidários e que dariam a vitória por quase 70% dos votos para o ex-diplomata Edmundo González, aliado de María Corina Machado, líder opositora que foi impedida de se candidatar.
O chavismo afirma que 80% dos documentos divulgados pela oposição são falsificados. Os aliados de Maduro, no entanto, não mostram nenhuma ata eleitoral.
O Ministério Público da Venezuela, por sua vez, iniciou uma investigação contra González pela publicação das atas, alegando usurpação de funções do poder eleitoral.
O opositor foi intimado três vezes a prestar depoimento sobre a publicação das atas e acabou se asilando na Espanha no início de setembro, após ter um mandado de prisão emitido contra ele.
Diversos opositores foram presos desde o início do processo eleitoral na Venezuela. Somente depois do pleito de 28 de julho, pelo menos 2400 pessoas foram presas e 24 morreram, segundo organizações de Direitos Humanos.
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