O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse neste domingo que o caso contra o opositor Edmundo González será encerrado após o ex-candidato presidencial ter saído para a Espanha, onde solicitou asilo.
Saab afirmou que a saída de González do país traz uma “mudança” no processo judicial contra ele na Venezuela, por supostos delitos associados ao terrorismo. González nega as acusações.
“Isso traz uma mudança no status processual que está sendo avaliado pelo procurador”, disse Saab em entrevista a Ana María Mejía da CNN.
“Nós, com o advogado de González Urrutia, José Vicente Haro, nas próximas horas e nos próximos dias, estabeleceremos a forma, o tempo, o modo e o local de como esse caso será encerrado judicialmente”, afirmou Saab, acrescentando que o resultado será em estrita conformidade com a lei venezuelana.
Saab disse que González solicitou um salvo-conduto diretamente ao procurador-geral em uma carta, o que lhe permitiu viajar para a Espanha.
Quando questionado sobre “coerções e ameaças” que González disse ter enfrentado e que o levaram a solicitar asilo na Espanha, Saab afirmou que a pressão e as ameaças vieram da líder oposicionista María Corina Machado.
“González foi vítima de pressões de seu partido que o obrigaram a tomar decisões (…) há uma fratura absoluta nessa oposição extremista.”
A CNN entrou em contato com María Corina Machado para obter um comentário. Em sua declaração anterior, González não forneceu mais detalhes sobre quem fez as ameaças e a coerção, e de que forma.
Sem fornecer mais detalhes ou provas, o procurador-geral também afirmou que González foi pressionado por sua equipe para não comparecer à convocação relacionada à investigação dos supostos delitos associados às eleições presidenciais de julho. As autoridades venezuelanas emitiram uma ordem de prisão contra González depois que ele não respondeu a três convocações relacionadas à investigação.
Poucos minutos depois, o advogado de González afirmou que isso não era verdade. “De maneira alguma isso aconteceu”, disse José Vicente Haro à CNN.
“Nossa decisão foi não comparecer nem à convocação número um, nem à convocação número dois, nem à convocação número três (…) nunca houve consentimento para comparecer a esse processo judicial porque, primeiro, os fatos que lhe eram atribuídos não eram de natureza penal. Segundo, ele não cometeu nenhum delito”, disse o advogado.
Haro reiterou que González estava enfrentando “perseguições constantes e ameaças” a sua vida antes de decidir pedir asilo na Espanha e afirmou que a saída de seu cliente não significa que ele reconheça os resultados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) daquele país, que declarou Nicolás Maduro vencedor das eleições presidenciais.
O advogado disse que o processo de asilo de González na Espanha é muito meticuloso administrativamente e que pode levar até uma semana para ser concluído.