O candidato da oposição venezuelana, Edmundo González, enfrenta uma séria ameaça de prisão por parte do regime de Nicolás Maduro por supostamente ter divulgado as atas eleitorais que, por lei, deveriam ter sido tornadas públicas pelas próprias autoridades do país.
Segundo o analista sênior de assuntos internacionais, Américo Martins, a situação na Venezuela está se agravando, com o regime de Maduro tornando-se cada vez mais autoritário. “O regime já matou quase 30 pessoas que protestaram contra as grandes evidências de fraude nas eleições de 28 de julho, prendeu cerca de duas mil pessoas e agora ameaça claramente prender o candidato opositor Edmundo González”, disse.
O “crime de transparência”
O analista destaca que González pode ser preso pelo que foi chamado de “crime de transparência”, uma vez que ele divulgou as atas eleitorais às quais a oposição teve acesso. Estas atas, que deveriam ter sido divulgadas pelo Conselho Nacional Eleitoral, supostamente mostrariam o verdadeiro vencedor das eleições.
O Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela não apenas aceitou a declaração de vitória de Maduro, mas também determinou o sigilo das atas, contrariando a legislação do país que exige sua publicidade.
Pressão internacional e posição do Brasil
A comunidade internacional tem aumentado as críticas à postura do governo de Maduro. No entanto, a situação de González coloca em xeque a eficácia dessas manifestações. Se ele se apresentar ao Ministério Público, não há garantias de uma investigação independente, dado que todos os órgãos governamentais são controlados pelo regime de Maduro.
A possível prisão de González também deve pressionar o governo brasileiro a tomar uma posição mais dura. Américo Martins argumenta que “vai ficar absolutamente impossível que eles fiquem em silêncio” caso a prisão se concretize.
O analista conclui que Brasil e Colômbia, que buscam manter relações com a Venezuela, terão que adicionar alguma pressão ao diálogo, pois “se não, o Maduro vai continuar fazendo impunemente o que está fazendo e vai erodindo a influência do Brasil na América do Sul”.
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