A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, está adotando uma estratégia eleitoral planejada para ampliar seu apoio entre os eleitores brancos, especialmente os homens, conforme análise do especialista em assuntos internacionais da CNN Brasil Américo Martins.
Dados recentes de pesquisas eleitorais revelam que Harris já possui uma base sólida entre mulheres e eleitores negros. Entre as mulheres, Harris lidera com 58% das preferências contra 37% de Donald Trump. No entanto, entre os homens, Trump mantém a vantagem com 57% contra 39% de Harris. A diferença é ainda mais expressiva entre os eleitores negros, onde Harris soma 75% das intenções de voto, enquanto Trump alcança apenas 20%.
Estratégia de campanha e desafios
A escolha de Tim Walls como companheiro de chapa para vice-presidente é vista como parte dessa estratégia para atrair o eleitorado masculino branco. Além disso, Harris enfrenta o desafio de motivar sua base de apoio a comparecer às urnas, já que o voto nos Estados Unidos não é obrigatório.
Durante uma entrevista recente à CNN, Harris demonstrou habilidade política ao ignorar críticas do ex-presidente Donald Trump sobre sua identidade racial, adotando uma postura que pode ser um prenúncio de sua abordagem no debate previsto para 10 de setembro.
Pontos fortes e fracos da entrevista
Américo Martins destacou como pontos positivos da entrevista a forma como Harris lidou com as provocações de Trump e sua mensagem de esperança, contrastando sua visão de liderança com a do ex-presidente. Harris argumentou que “um grande líder é aquele que levanta e carrega junto um grande número de pessoas”, em oposição à ideia de derrotar os outros.
Contudo, o analista também apontou fragilidades na abordagem de Harris sobre temas como imigração e ‘fracking’. Na questão migratória, a tentativa de culpar Trump pelos altos números de imigrantes ilegais foi considerada pouco convincente. Já em relação ao fracking, Harris mostrou uma posição contraditória ao defender simultaneamente medidas contra mudanças climáticas e a continuidade dessa prática de extração de gás, vista como prejudicial ao meio ambiente.
A mudança de posicionamento de Harris sobre o fracking desde 2019 é interpretada como uma manobra para conquistar votos na Pensilvânia, um estado crucial nas eleições americanas, onde essa indústria emprega muitas pessoas. Essa estratégia evidencia o delicado equilíbrio que a campanha de Harris busca entre manter sua base progressista e atrair eleitores mais conservadores em estados-chave.
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