O Hezbollah lançou centenas de foguetes e drones contra Israel neste domingo (25), em retaliação ao assassinato de um comandante em Beirute, informou o movimento apoiado pelo Irã. As forças armadas de Israel disseram ter frustrado um ataque muito maior com ataques preventivos.
Quais são as origens do Hezbollah?
Os Guardas Revolucionários do Irã fundaram o Hezbollah em 1982 durante a guerra civil libanesa de 1975–1990, parte do esforço de Teerã para exportar sua Revolução Islâmica de 1979 e combater as forças israelenses que invadiram o Líbano em 1982.
O grupo passou de uma facção a uma força fortemente armada com grande influência no Líbano e na região. Os governos ocidentais, inclusive os Estados Unidos, o classificam como um grupo terrorista. O mesmo acontece com os estados árabes sunitas muçulmanos do Golfo, incluindo a Arábia Saudita.
O Hezbollah é um grupo islâmico xiita e compartilha a ideologia da República Islâmica do Irã.
Como o Hezbollah se envolveu na guerra de Gaza?
O Hezbollah é uma parte poderosa do “Eixo de Resistência”, uma aliança de grupos apoiados pelo Irã em todo o Oriente Médio, que também inclui o movimento islâmico palestino Hamas, que desencadeou a guerra de Gaza ao atacar Israel em 7 de outubro.
Declarando solidariedade aos palestinos, o Hezbollah começou a disparar contra posições israelenses na região da fronteira em 8 de outubro.
Desde então, os lados têm trocado tiros quase que diariamente, com o Hezbollah lançando foguetes e drones e Israel montando ataques aéreos e de artilharia. Os ataques ocorreram principalmente perto ou na fronteira, mas ambos os lados também ampliaram seus ataques.
Em decorrência, milhares de pessoas foram desalojadas no Líbano e em Israel.
Qual é o poder militar do Hezbollah?
Enquanto outros grupos se desarmaram após a guerra civil do Líbano, o Hezbollah manteve suas armas para combater as forças israelenses que ocupavam o sul do país, predominantemente muçulmano xiita. Anos de guerra levaram Israel a se retirar em 2000, mas o Hezbollah manteve seu arsenal.
O Hezbollah demonstrou avanços militares em 2006 durante uma guerra de cinco semanas com Israel, que eclodiu depois que o grupo cruzou a fronteira com Israel, sequestrando dois soldados e matando outros.
O grupo disparou milhares de foguetes contra Israel durante o conflito, no qual 1.200 pessoas foram mortas no Líbano, a maioria civis, e 158 israelenses foram mortos, a maioria soldados.
O poder militar do Hezbollah cresceu depois desse ano. Incluindo mísseis de precisão no seu arsenal, o grupo afirma que seus foguetes podem atingir todas as partes de Israel.
Durante a guerra de Gaza, o Hezbollah anunciou ataques usando mísseis “terra-ar” — uma arma que há muito se acreditava ter em seu arsenal, mas que nunca havia confirmado possuir. Ele também lançou drones explosivos contra Israel.
O líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, disse que o grupo tem 100.000 combatentes. O World Factbook da Agência Central de Inteligência dos EUA diz que, em 2022, estimava-se que tivesse 45.000 combatentes, divididos entre cerca de 20.000 em tempo integral e 25.000 reservistas.
Que influência regional o Hezbollah tem?
O Hezbollah inspirou e apoiou outros grupos apoiados pelo Irã em toda a região, inclusive as milícias xiitas iraquianas. Ele desempenhou um papel importante ao ajudar seu aliado, o presidente Bashar al-Assad, a combater a guerra na Síria, onde ainda tem combatentes.
A Arábia Saudita diz que o Hezbollah também lutou em apoio aos Houthis, aliados do Irã, no Iêmen, mas o Hezbollah nega isso.
Qual é o papel do Hezbollah no Líbano?
A influência do Hezbollah é sustentada tanto por seu armamento quanto pelo apoio de muitos xiitas libaneses que dizem que o grupo defende o Líbano de Israel. Ele tem ministros no governo e legisladores no parlamento.
Os partidos libaneses que se opõem ao Hezbollah afirmam que o grupo prejudicou o Estado e arrastou unilateralmente o Líbano para guerras.
O Hezbollah entrou na política libanesa em 1992, disputando eleições, e começou a assumir um papel mais proeminente nos assuntos de Estado em 2005, depois que a Síria retirou suas forças do Líbano após o assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik al-Hariri, um político sunita que simbolizava a influência saudita em Beirute.
Um tribunal apoiado pela ONU condenou três membros do Hezbollah à revelia pelo assassinato. O Hezbollah nega qualquer participação, descrevendo o tribunal como uma ferramenta de seus inimigos.
Em 2008, uma luta pelo poder entre o Hezbollah e seus inimigos políticos libaneses, levou a um conflito armado, após o governo prometer tomar medidas contra a rede de comunicações militares do grupo. Assim, os combatentes do Hezbollah assumiram o controle de partes de Beirute.
Em 2018, o Hezbollah e os aliados que apoiam sua posse de armas conquistaram uma maioria parlamentar. Essa maioria foi perdida em 2022, mas o grupo ainda tem grande influência política.
Acusados de ataques a interesses ocidentais
Autoridades libanesas e a inteligência ocidental afirmaram que grupos ligados ao Hezbollah realizaram ataques suicidas contra embaixadas e alvos e sequestraram ocidentais na década de 1980.
Os Estados Unidos consideram o Hezbollah responsável por atentados suicidas em 1983 que destruíram o quartel-general da Marinha dos EUA em Beirute, matando 241 militares, e um quartel francês, que matou 58 paraquedistas franceses.
Também afirma que o Hezbollah estava por trás de um ataque suicida contra a embaixada dos EUA em Beirute em 1983.
Referindo-se a esses ataques e ao sequestro de reféns, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse em uma entrevista em 2022 que eles foram realizados por pequenos grupos não ligados ao Hezbollah.
O grupo também foi acusado de ataques militantes em outros lugares. A Argentina culpa o Hezbollah e o Irã pelo bombardeio mortal de um centro comunitário judaico em Buenos Aires, no qual 85 pessoas morreram em 1994, e por um ataque à embaixada israelense em Buenos Aires em 1992, que matou 29 pessoas.
Tanto o Hezbollah quanto o Irã negam qualquer responsabilidade.