A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, está discursando no encerramento da Convenção Nacional do Partido Democrata nesta quinta-feira (22). Ela entrou no palco ao som de “Freedom”, de Beyoncé, música que virou marca de sua campanha, e foi ovacionada pelo público presente.
Kamala começou o discurso agradecendo ao marido, Doug Emhoff, e ao presidente Joe Biden.
“Quando penso no caminho que percorremos juntos, Joe, sou preenchida com gratidão. Seu histórico é extraordinário e seu caráter é inspirador. Doug e eu o amamos”, comentou.
Kamala também falou a Tim Walz, seu companheiro de chapa, que ele será um “vice-presidente incrível”.
A vice reconheceu que o caminho que ela percorreu nas últimas semanas foi “inesperado”, após a desistência de Joe Biden da candidatura à reeleição. “Mas eu não sou estranha a jornadas improváveis”, observou.
Em seguida, a democrata falou sobre a mãe, imigrante indiana, que a “ensinou a não ter medo”.
Kamala aceita indicação para disputar a Presidência
Kamala aceitou durante o discurso a indicação do Partido Democrata para disputar a Presidência nas eleições americanas, que acontecerão em novembro deste ano.
“Em nome do povo; de cada americano, sem considerar partido, raça, gênero ou língua; em nome de minha mãe (…); de americanos como as pessoas as quais eu cresci; (…), em nome de cada um que a história só poderia ser escrita na maior nação da terra, eu aceito a sua indicação para ser presidente dos Estados Unidos da América”, disse.
A vice-presidente também destacou que “com esta eleição, nossa nação tem uma oportunidade preciosa e passageira de superar a amargura, o cinismo e as batalhas divisórias do passado”.
“Uma chance de traçar um novo caminho a seguir. Não como membros de um partido ou facção, mas como americanos”, adicionou.
Presidente para “todos os americanos”
Em seguida, Kamala prometeu ser uma presidente para “todos os americanos” e que colocará o país à frente de partidos e dela mesma.
“Serei uma presidente que nos unirá em torno de nossas maiores aspirações. Que lidera e ouve. Que é realista, prática e tem senso comum e que sempre luta pelo povo americano”, acrescentou.
Em outro ponto, a candidata democrata ressaltou que a eleição deste ano é uma luta pelo futuro dos Estados Unidos e uma das mais importantes na história da nação.
Ataques contra Trump
Kamala Harris também criticou diretamente Donald Trump, o chamando de “homem pouco sério”.
“Mas as consequências de colocar Donald Trump de volta na Casa Branca são extremamente sérias. Considere não apenas o caos e calamidade quando ele estava no cargo, mas o que aconteceu desde que ele perdeu a eleição”, comentou.
Ela também fez referência ao ataque ao Congresso dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021, por apoiadores do republicano, destacando que ele enviou uma “multidão armada” e não fez nada para amenizar a situação, mas inflamou a multidão.
Kamala também relembrou que Trump foi condenado por fraude na Justiça.
“Considere o poder que ele terá, especialmente depois que a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que ele seria imune a processos criminais”, alertou, acrescentando que ele servirá ao único “cliente” que ele já teve: “ele mesmo”.
Ela também relacionou Trump ao “Projeto 2025”, uma série de propostas conservadoras que poderiam ser usadas em um segundo mandato do republicano.
Aceno à classe média
Durante o discurso desta quinta-feira, Kamala Harris disse que uma classe média forte sempre foi um ponto crítico para o sucesso do país.
“Construir essa classe média será um objetivo principal da minha Presidência”, afirmou, ressaltando que ela própria cresceu neste grupo social.
“Vamos criar o que eu chamo de uma economia de oportunidade, na qual todos têm a chance de competir e ter sucesso”, adicionou.
Em nova crítica a Donald Trump, a democrata disse que ele não luta pela classe média, mas por ele mesmo e pelos seus “amigos bilionários”.
Direitos reprodutivos
Ao falar sobre direitos reprodutivos, Kamala Harris afirmou que Donald Trump “escolheu a mão membros da Suprema Corte dos EUA para retirar a liberdade reprodutiva”.
“Como parte de sua agenda, ele [Trump] e seus aliados podem limitar acesso a controle de natalidade, banir medicações de aborto e aplicar um banimento nacional do aborto com ou sem o Congresso”, alegou.
“Alguém deve se perguntar: ‘por que eles não confiam nas mulheres?’. Bom, nós confiamos nas mulheres”, pontuou Kamala.
Em seguida, a candidata democrata disse que, como presidente dos Estados Unidos, assinaria um projeto de lei do Congresso para restaurar os direitos reprodutivos.
Imigração
A imigração é um dos principais pontos de preocupação do eleitorado americano para as eleições deste ano. Donald Trump ataca frequentemente o governo Joe Biden e os democratas sobre o assunto, levando vantagem nesta questão em pesquisas de intenção de voto.
Sobre isso, Kamala disse no discurso desta quinta que sabe a importância da segurança na fronteira. Ela citou um projeto sobre imigração no Congresso, mas que foi barrado pelos republicanos após suposto pedido de Trump.
“Donald Trump acredita que um acordo para a fronteira atrapalharia sua campanha. Então ele pediu aos seus aliados para que matassem o acordo. Bom, eu me recuso a ‘fazer política’ com nossa segurança”, afirmou.
Em seguida, ela disse que trará novamente o projeto de lei e que o sancionará se for presidente.
“Podemos viver orgulhosos com nossa herança de uma nação de imigrantes e reformar nosso sistema de imigração quebrado. Podemos criar um caminho merecido para a cidadania e proteger nossa fronteira”, observou Kamala.
Política externa, Otan e guerras
Kamala Harris também disse que vai garantir que os EUA tenham a força de combate mais forte e letal no mundo.
Além disso, pontuou que vai garantir que os Estados Unidos ganhem a “competição do século 21” com a China, citando inteligência artificial.
Em seguida, a democrata também falou sobre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), pontuando que Trump encoraja Vladimir Putin a invadir os aliados dos EUA.
“Como presidente, permanecerei firme com a Ucrânia e nossos aliados da Otan”, observou.
Já sobre a guerra na Faixa de Gaza, Kamala pontuou que ela e Biden estão trabalhando sem parar e que “agora é a hora” de completar o acordo de cessar-fogo e libertação de reféns.
“Sempre defenderei o direito de Israel de se defender e vou sempre garantir que Israel tenha a capacidade de se defender, pois o povo de Israel nunca mais deve enfrentar o horror que a organização terrorista chamada Hamas causou em 7 de outubro”, comentou.
Ainda assim, a vice-presidente ressaltou que o que aconteceu na Faixa de Gaza nos últimos meses é “devastador”, com uma escala de sofrimento “de quebrar o coração”.
“Nunca hesitarei em tomar qualquer ação que seja necessária para defender nossas forças e nossos interesses contra o Irã e terroristas apoiados pelo Irã”, acrescentou.
Ela também pontuou que “ditadores como Kim Jong-un” estão torcendo para Donald Trump, porque “sabem que ele é fácil de manipular”.
“Eles sabem que Trump não responsabilizará autocratas, porque ele quer ser um autocrata”, adicionou.
Carreira como promotora
Kamala Harris também relembrou a carreira como promotora e os motivos que a fizeram percorrer esse caminho.
“Quando eu estava no ensino médio, comecei a notar algo sobre minha melhor amiga Wanda. Ela ficava triste na escola. E havia momentos em que ela não queria ir para casa”, disse.
“Então, um dia, perguntei se estava tudo bem. E ela me confidenciou que estava sendo abusada sexualmente pelo padrasto. E eu imediatamente disse a ela que ela tinha que ficar conosco. E ela ficou”, comentou.
“Essa é uma das razões pelas quais me tornei promotora. Para proteger pessoas como Wanda”, destacou.
Ela também pontuou que, quando era responsável por um caso, não agia no nome da vítima, mas do povo. “Em minha carreira, só tive um cliente. O povo”, adicionou.
O discurso fechou a Convenção Democrata, que nos dias anteriores contou com palestrantes importantes, como o presidente Joe Biden, os ex-presidentes Barack Obama e Bill Clinton e as ex-primeiras-damas Michelle Obama e Hillary Clinton.