A líder da oposição venezuelana María Corina Machado disse à CNN que o governo de Nicolás Maduro pensa que “o tempo está a seu favor”, sem notar que “o tempo está contra o regime”.
“Pensam que o tempo está a seu favor, que o mundo vai virar a página (…), mas, a cada dia que passa, essas atrocidades comovem o planeta”, declarou a opositora.
Na mesma linha, Corina Machado concluiu que “a cada dia que passa, Maduro fica mais deslegitimado porque tentou roubar uma eleição e porque apelou à violência mais brutal”.
Na entrevista concedida na quinta-feira (16), a opositora garantiu que “é insustentável que Maduro se agarre ao poder”, uma vez que as pressões internacionais crescem a cada dia.
“Estão atrasando este processo (…) sentem que estão ganhando tempo, mas a dinâmica no mundo está avançando e as suas opções estão fechadas. Nicolás Maduro é o principal interessado em negociar uma transição”, afirmou.
Além disso, ela disse estar “convencida” de que finalmente “Maduro compreenderá que a sua melhor opção ou a sua única opção” é uma “negociação séria” para a transição.
“O povo já votou”
Sobre a possibilidade de realização de novas eleições como possível solução para a profunda crise política do país, depois do Brasil ter proposto esta medida e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também a ter sugerido, María Corina Machado garantiu que “o povo já votou” apesar das “regras da tirania”.
“O povo já votou e o fez com as regras de tirania que não eram justas e eram desproporcionais”, afirmou.
“O que acontecerá se Maduro não gostar das segundas eleições? Deveríamos realizar uma terceira? Aceitariam isso em seus países?”, disse Machado a repórteres na manhã de quinta-feira. “Competimos nas eleições sob as regras do regime. Falar em novas eleições é uma falta de respeito ao povo venezuelano e ao 28 de Julho”, acrescentou.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, sugeriu esta quinta-feira “novas eleições livres” numa mensagem publicada na sua conta X (antigo Twitter).
Levantamiento todas las sanciones contra Venezuela.
Amnistía general nacional e internacional.
Garantías totales a la acción política.
Gobierno de cohabitación transitorio.
Nuevas elecciones libres.
— Gustavo Petro (@petrogustavo) August 15, 2024
“Uma solução política para a Venezuela que traga paz e prosperidade ao seu povo depende de Nicolás Maduro”, disse Petro.
Estas declarações surgem depois de Celso Amorim, principal conselheiro de política internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ter proposto a realização de novas eleições para contrariar a crise gerada no país pela polêmica sobre o vencedor das eleições de 28 de julho.
Lula tinha dito na quarta-feira que não reconhece Maduro como presidente eleito e que o líder venezuelano deve explicações ao seu povo.
Anteriormente, parecia que Joe Biden apoiava a realização de novas eleições no país sul-americano. Contudo, na tarde de quinta-feira, a Casa Branca retificou as declarações do presidente dos Estados Unidos .
A abordagem surge mais de duas semanas depois das eleições, em que o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) proclamou vencedor o presidente Nicolás Maduro, embora até agora não tenha publicado os dados discriminados por centro e estação de voto.
Os números anunciados pelo Poder Eleitoral são rejeitados pela oposição, que afirma que o vencedor foi Edmundo González, com base em 83,50% dos registros de escrutínio que estão hospedados em um site, resultado que também foi verificado por organizações civis e meios de comunicação independentes.
Machado enfatizou à CNN o grande feito da oposição ao obter, digitalizar e disponibilizar mais de 80% dos registros de apuração de votos.
“Nos disseram que era impossível ultrapassar todas as armadilhas e manobras, mas mesmo assim conseguimos monitorar o que se passava em todos os centros de votação”, concluiu.
Este conteúdo foi criado originalmente em espanhol.
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