A Rússia vai anunciar o veredito sobre o caso da bailarina russo-americana acusada de traição nesta quinta-feira (15). Ksenia Karelina foi presa por fazer uma doação de US$ 51 para uma instituição de caridade que apoia a Ucrânia. Ela pode pegar uma sentença de 15 anos.
A bailarina amadora que residia em Los Angeles se declarou culpada em seu julgamento na cidade de Yekaterinburg na Rússia.
O serviço de imprensa do tribunal disse que ela fez uma alegação final ao juiz e seria sentenciada nesta quinta-feira (15).
Karelina não foi incluída em uma grande troca de prisioneiros entre a Rússia e o Ocidente, mas seu advogado Mikhail Mushailov disse que ela esperava ser incluída em uma troca futura.
“Uma troca é impossível até que o veredito do tribunal entre em vigor”, disse Mushailov aos repórteres. “Após o veredito, é claro, trabalharemos nessa direção.”
Karelina nasceu na Rússia, mas mudou para os Estados Unidos em 2012 e se tornou cidadã americana em 2021.
Ela foi presa pelo Serviço Federal de Segurança da Federação Russa (FSB) após voar para a Rússia para visitar sua família em Yekaterinburg no início do ano.
Os investigadores apresentaram a acusação de traição após descobrirem em seu telefone celular que ela havia doado US$ 51,80 para a Razom, uma instituição de caridade que fornece ajuda à Ucrânia, quando a Rússia invadiu seu país vizinho em fevereiro de 2022.
O FSB alegou que o beneficiário final foi o exército ucraniano.
A instituição de caridade disse que ficou “chocada” com a prisão de Karelina.
Seu site diz que apoia uma série de projetos humanitários, incluindo o fornecimento de kits de primeiros socorros, fogões a lenha, geradores, rádios e veículos para médicos ucranianos da linha de frente.
A instituição também ajuda crianças ucranianas e comunidades vulneráveis afetadas pela guerra, inclusive fornecendo comida, abrigo, apoio psicológico e água limpa.
Jornalistas foram impedidos de entrar no tribunal durante o julgamento de Karelina, que é um procedimento padrão para casos de traição ou espionagem na Rússia.
Mushailov disse que o pedido dos promotores russos por 15 anos em uma colônia penal foi muito severo porque Karelina havia cooperado com a investigação, inclusive entregando voluntariamente seu telefone.
Ele disse que ela havia se declarado culpada na esperança de obter uma sentença menor e porque “era estúpido, nesta situação, negar o óbvio”.
Três cidadãos americanos – os jornalistas Evan Gershkovich e Alsu Kurmasheva e o ex-fuzileiro naval Paul Whelan – estavam entre os libertados das prisões russas na troca que envolveu 24 prisioneiros mantidos em sete países.
Karelina está entre um grupo de americanos ainda mantidos na Rússia por uma variedade de acusações.
Entre eles estão Gordon Black, um soldado condenado a três anos e nove meses em junho por agredir e roubar sua namorada russa, e Marc Fogel, um ex-professor que cumpre pena de 14 anos após ser pego com maconha que ele disse usar para tratar a dor.