Nas últimas semanas, várias ONGs na Venezuela relataram abusos contra a imprensa na cobertura do controverso processo eleitoral, incluindo acusações infundadas de terrorismo contra jornalistas.
Além disso, numerosos membros de partidos políticos foram detidos, intensificando o que chamam de repressão por parte do governo de Nicolás Maduro.
Essas prisões – dizem – superam outras escaladas repressivas da última década, que já são objeto de investigação por parte de organizações internacionais por possíveis crimes contra a humanidade
Ativistas, jornalistas e líderes da oposição detidos na Venezuela entre março e agosto de 2024:
Entre as prisões de destaque estão a do ex-governador do estado de Mérida e líder da Ação Democrática (AD), Williams Dávila Barrios; o ex-deputado da oposição Américo De Grazia; e María Oropeza, coordenadora do “Comando com a Venezuela” no estado de Portuguesa, que transmitiu ao vivo o momento em que as forças de segurança invadiram sua casa.
Dias antes, segundo vídeo divulgado por seu partido nas redes sociais, diversas pessoas vestidas de preto levaram à força o líder do partido Voluntad Popular, Freddy Superlano.
Após a votação e a proclamação do Conselho Nacional Eleitoral, que declarou Nicolás Maduro vencedor contra o candidato da oposição Edmundo González Urrutia sem divulgar os resultados detalhados e desagregados, eclodiram numerosos protestos e vários opositores foram presos no âmbito do que foi informalmente chamado de “operação Toc Toc”, que atinge também os cidadãos em geral.
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP) denunciou o uso ilegal e arbitrário de leis antiterrorismo contra quatro jornalistas que foram detidos enquanto cobriam protestos contra os resultados eleitorais divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Segundo o sindicato, eles foram impedidos de ter acesso à defesa independente.
Marco Ruiz, secretário-geral do Sindicato Nacional de Imprensa da Venezuela, denuncia que os jornalistas enfrentaram detenções e múltiplos obstáculos ao exercício da sua profissão após as eleições.
O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) instou as autoridades venezuelanas a retirarem as acusações de terrorismo contra jornalistas detidos após as eleições presidenciais.
A associação civil Espacio Público documentou pelo menos 16 casos de jornalistas com passaportes cancelados, além de uma série de efeitos na sociedade civil. Marco Ruiz, secretário-geral do Sindicato Nacional de Imprensa, oferece mais informações sobre o assunto.
A CNN solicitou à Procuradoria-Geral da Venezuela mais informações sobre estes casos e aguarda resposta.
O procurador-geral Tarek William Saab afirmou repetidamente que todos os detidos no país são respeitados o devido processo e o direito à defesa, sem refutar detalhadamente as acusações em contrário.
O deputado Diosdado Cabello, uma das figuras proeminentes do chavismo, respondeu às declarações do governo dos Estados Unidos, que manifestou preocupação com a detenção e perseguição de jornalistas na Venezuela.
“Eles não são jornalistas, são agentes da CIA que trabalham para eles. São agentes da CIA, envolvidos na conspiração. Eles estavam preparados”, declarou Cabello, sem apresentar provas que sustentassem suas afirmações.
O Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos alertou sobre as detenções arbitrárias e o uso desproporcional da força num comunicado publicado esta terça-feira.
“O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, expressou na terça-feira a sua profunda preocupação com o elevado número contínuo de detenções arbitrárias, bem como com o uso desproporcional da força que foi registado após as eleições presidenciais na Venezuela, e o resultante clima de medo”, descreve o texto da organização.
Este conteúdo foi criado originalmente em espanhol.
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